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DUAS PALAVRAS PARA A PINTURA DE ISABEL BOTELHO

ESSÊNCIA:

Aquilo que faz com que uma coisa seja o que é .

(Grande Dicionário da Língua Portuguesa,de Cândido Figueiredo).

VAZIO:

Que não contém nada ou que só contém ar.

(da mesma fonte de citação)



Dois vocábulos, ordenados por abecedário, num universo de cerca de cento e quarenta e seis mil palavras* com o seu significado aproximado (já repararam na enorme quantidade de tentativas em que um filólogo se desdobra para  significar o que só uma palavra diz?).

ESSÊNCIA E VAZIO, duas palavras (entre 146.000) suficientes para dar fronteiras, suficientes para criar balizas de início e alcance a esta pintura.



ESSÊNCIA E VAZIO, os dois conceitos únicos, os dois vocábulos duma língua grande, antiga e rica, 

as duas palavras certas que a pintora soube escolher para nascente e foz do seu imaginário.

Terei eu encontrado o essencial do vazio que sinto na calma solidão destes quadros (grandes) cheios de quase nada?

António Botelho 1986

 

*não contei as palavras do grande Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido Figueiredo porque sou um português ocupado e pouco paciente, mas obtive este cálculo (146.000) enumorado a dedo, todas as que continham 14 de  2708 páginas da referida obra em 2 volumes, para daí extrair uma média razoável a multiplicar pela volumosa quantidade de folhas de papel que engrossam esse precioso instrumento de labor linguístico.

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