EM LISBOA Tem sido o suporte dos poucos exercícios de pintura irregularmente praticados, em 36 anos de marginalidade artística, e, por vezes, expostos.
Um suporte quase tão material como a tela ou o frágil papel de arroz.
A fatalidade de ser BOTELHO (mas não Carlos) e pintar EM LISBOA acarretou confusões desgraçadas e uma certa desatenção.
Felizmente, a burocracia oficial da cultura camarária destes trinta anos de EM LISBOA não me deu direitos de cidadania e ninguém ainda me arrumou na galeria sumária dos PINTORES DE LISBOA. Felizmente, só porque nunca pretendi cantar Lisboa em minhas telas mas pintar, simplesmente pintar, EM LISBOA como quem faz arroz de pato EM tacho de barro ou aguardente EM pipo de carvalho.
Assim, MOZART é feito aqui, EM LISBOA, duzentos anos depois de um cão amigo o ter acompanhado à cova, no barulho consumista deste Ano Mozart, com o pouco jeito que sempre atribuiram aos meus trabalhos manuais mas, apesar de tudo, com a sincera disposição emotiva (allegro) de quem desejou pintar MOZART em Lisboa.
"Requiem" colagem s/guache
MOZART em Lisboa
Texto de ANTÓNIO BOTELHO
1991
ARTISTA PLÁSTICO
(1932-2003)